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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

o eclipse solar do século que anuncia o fim do mundo (Apocalipse de São João)



Os americanos e os europeus poderão testemunhar um dos fenômenos astronômicos mais temidos pelos cristãos evangélicos.
No dia 21 de agosto de 2017, ocorrerá um eclipse solar total que, de acordo com o Apocalipse de São João, representaria o início do fim do mundo, conforme anunciou a organização religiosa Unsealed.
Nos EUA, será possível ver o sol atravessando o planeta de costa a costa e, embora na Europa só se consiga ver uma parte, a importância que os teóricos evangélicos dão a esse fenômeno não é menor. Segundo eles, os escritos bíblicos fazem referências claras a esse fenômeno como o início do fim.
O fenômeno está relacionado a um fragmento da Bíblia em que se fala de uma mulher vestida de Sol, grávida e que está sobre a Lua. Nele, também é mencionado um dragão, que deseja matar seu filho. A criança, ao nascer, ascenderá aos céus e os anjos destruirão o monstro.
Há outro ponto que os teóricos levam em consideração: nesse ano, será cumprida uma geração bíblica – 70 anos – desde a criação do estado de Israel, em 1947. Além disso, no século XIII, o rabino Judá Ben Samuel previu que o fim do mundo seria em 2017.
Os evangélicos da organização afirmaram que o fim do mundo começará no próximo ano e que terminará em 2024.

                         O Apocalipse segundo São João

Ninguém contestaria que, pelo menos no mundo cristão, o livro profético da Bíblia mais influente seja o último, o Livro do Apocalipse, um termos grego que significa «revelação» («Revelação» é, na verdade, o título do último Livro da Bíblia em algumas edições). Trata-se de um texto relativamente pequeno de apenas 23 capítulos, escritos num estilo visionário de grande força poética. Algumas das suas imagens (os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, o Número da Besta, a Nova Jerusalém) entraram no imaginário público e são reconhecidas por pessoas que nunca sequer leram o Livro. Além disso, o Apocalipse é uma obra altamente complexa que se parece ter prestado a interpretações mais divergentes do que qualquer outro texto na literatura internacional.

O autor auto-intitula-se «João» e, durante muito tempo, imperou a crença de que se tratava do mesmo João do quarto Evangelho. Tal associação tem sido questionada com base no estilo, porém é confirmada por, pelo menos, uma testemunha fiável: Irineu. Nascido na Ásia Menor no início do Século II D.C. e futuro bispo de Lyon, Irineu conhecera pessoas do círculo de São João na sua juventude. Indicara, igualmente, uma data para a composição de Apocalipse: no final do reinado do imperador romano Domiciano, no fim do Século I D.C.

Esperança nascida do trauma

A data é significativa. O Livro do Apocalipse é tardio pelos padrões bíblicos e muito sucedera desde a época do próprio sacerdócio de Cristo, durante os reinados dos primeiros imperadores romanos, Augusto e Tibério. Depois da crucificação de Jesus, três acontecimentos particularmente traumáticos atingiram a Igreja Cristã primitiva.

O primeiro ocorreu durante o reinado de Nero, de 54 a 68 D.C., tido como um imperador instável e provavelmente louco. No ano de 64 D.C., um terrível incêndio destrói grande parte da cidade de Roma e a opinião pública aponta o dedo directamente ao imperador pelo desastre. Não só se contavam histórias sobre Nero, que possuía algum talento como músico, a «tocar harpa enquanto Roma queimava», como também havia rumores de que o imperador teria ateado o fogo pelo prazer de ver as chamas. Tais história chegaram ao ouvido do próprio Nero, tendo este decidido que fosse encontrado um bode expiatório a quem pudesse atribuir as culpas. Os cristãos – uma pequena mas crescente comunidade cujas crenças eram consideradas descabidas e que tinham provocado o descontentamento imperial através da recusa em adorar o imperador como um deus – depressa foram evocados. Rapidamente se reuniu um número desconhecido de cristãos que, acusados de incêndio premeditado, foram condenados a mortes horrendas: uns foram queimados vivos, quais tochas humanas, outros crucificados, e outros cobertos com peles de animais a fim de serem devorados por feras selvagens no Coliseu.



O segundo acontecimento traumático que deixou a sua marca no Livro do Apocalipse foi o insucesso da revolta judaica e a queda de Jerusalém em poder romano em 70 D.C. A rebelião, inspirada por fanáticos à espera da vinda do seu messias, foi anulada através de uma terrível brutalidade. Consequentemente, o Templo foi destruído e o sacerdócio abolido, ao passo que as contribuições que mantinham o Templo foram desviadas para o tesouro imperial em Roma.

Tal como a maior parte dos primeiros cristãos, o autor do Livro do Apocalipse era um judeu convicto. As catástrofes que tinham atingido o povo judaico eram recentes aquando da sua composição, e ainda estavam vivas na memória popular. Ao ouvir Profecias de uma Nova Jerusalém, a Jerusalém antiga quase em ruínas teria ressurgido na imaginação de todos.


O pior de tudo incidiu sobre o facto de o mesmo povo que liderara a opressão dos judeus ter passado a governar o império que incluía não só a Judeia, mas também grande parte do mundo então conhecido. Vespasiano, o comandante enviado para reprimir a revolta, fora proclamado imperador em Roma, mesmo antes de terminar a sua missão. A repressão foi concluída por Tito, filho de Vespasiano, que, com o tempo, sucede ao pai no trono imperial.

Tito morre em 81 D.C. e é sucedido pelo irmão mais novo, Domiciano, um imperador cruel e tirano que exigia ser tratado «Senhor e Deus». A perseguição constante aos cristãos teve, então, início pela sua mão: o terceiro acontecimento traumático que constituiu o pano de fundo para o Apocalipse de São João. Sob o jugo de Domiciano, as execuções por traição eram frequentes, os espiões proliferavam por toda a parte e o cristianismo foi proibido. A posição dos crentes a quem São João dirigia a sua mensagem era a de uma diminuta mas dedicada minoria dissidente num estado totalitário. A aparente obscuridade das palavras do Livro do Apocalipse apenas pode ser compreendida quando analisada nesse contexto. Os seus textos foram banidos e considerados ilegais,passando a circular clandestinamente. Muitas ideias que procuravam transmitir apenas podiam ser insinuadas, e nunca pronunciadas de forma aberta.

                                      O fim dos tempos



O que a visão de São João pretendia comunicar mais não era do que um panorama do futuro do mundo, exprimindo-o em termos que se apoiavam profundamente na tradição profética do Antigo Testamento. Foi inspirado, por exemplo, pela visão de Ezequiel de uma batalha culminante do «final dos tempos» entre Israel e o povo de Gog e Magog.

Além da criatura de dez chifres a representar Roma, São João apresentou ainda uma criatura de dois chifres que «obrigava todo o mundo e os seus habitantes a adorar a primeira Besta». Este era muito provavelmente um símbolo do culto imperial que exigia aos cidadãos do império que adorassem o imperador como um deus. É no contexto desta segunda criatura que São João se refere ao «número da Besta», servindo-se deste para identificar o alvo específico que tinha em mente. «Aqui», escreveu, «é preciso sabedoria: o que é inteligente decifre o número da Besta, que é um número de homem; o seu número é 666». São João estava claramente a utilizar um código numérico. Naqueles dias, a numeração árabe ainda não existia e as letras eram utilizadas para representar número (por exemplo, a letra romana «C» correspondia a «100»). Muitas foram as tentativas de descobrir a identidade da Besta através de várias combinações latinas e gregas. Porem, estavam todas quase sem dúvida alguma erradas. Por segurança, São João readoptara o seu hebraico de origem, no qual as palavras Neron Kaisar (a forma grega normal para escrever «imperador Nero» na altura) correspondiam exactamente ao número reclamado.



Até aqui, nada havia de profético na visão de São João da besta romana a devorar os fiéis, apenas descrevia o mundo como o via. Contudo, nas últimas fases do Apocalipse, São João transpõe o tempo presente para um futuro distante. A sua visão passa a ser específica: um grandioso conflito entre os exércitos das bestas e os exércitos do guerreiro celestial montado num cavalo branco seguido por 144 mil fiéis (imagens de Cristo e da Igreja Cristã). Após o terrível massacre, os justos saem vitoriosos e Cristo e os mártires ressurgidos governam, assim, o mundo durante mil anos. No fim desse período, Satanás, que fora enclausurado num abismo sem fundo, vê-se novamente livre e instiga uma revolta, apoiada pelos exércitos de Gog e Magog, que cercam Jerusalém. Porém, chamas caem dos Céus para os destruir e Satanás é arremessado para um lago de fogo. Segue-se o Juízo Final, no qual os justos defuntos são salvos e os demais lançados às chamas. Ainda assim, a profecia vai mais além, anunciando o nascimento de um novo Céu e de uma nova Terra e a descida da Nova Jerusalém, onde os fiéis ressuscitados vivem para sempre iluminados pela luz divina.

Por abordar o fim dos tempos, grande parte das imagens do Apocalipse centra-se mais no reino da fé do que no julgamento racional. No entanto, pelo menos na abordagem ao destino do império romano, a visão de São João revelou-se bastante precisa. A Igreja resistiu, de facto, ao império, tal como São João previra, e, com as invasões bárbaras do Século V D.C., a própria cidade de Roma também foi assolada conforme ele profetizara.

                       A profecia sobre Gog e Magog


Um elemento do cenário do Juízo Final no Livro do Apocalipse que chama especial atenção é o ataque a Jerusalém pelo exército de Gog e Magog, cuja derrota assinala a hora do Juízo Final. A passagem ecoa uma profecia semelhante no Livro de Ezequiel no Antigo Testamento, no qual «Gog, da terra de Magog», identificada como se situando «no extremo Norte», lança um ataque a Israel por acção de uma aliança de poderes. Muitas têm sido as tentativas de identificar Gog: Em 1950 imperou o hábito de associá-lo à União Soviética de Estaline. Todavia, a esperada invasão soviética de Israel nunca teve lugar e, com o desmembramento da União Soviética, tais medos caíram por terra, com razão, diriam os leitores que fazem uma interpretação literal do texto, visto que, segundo São João, o ataque só ocorrerá após o reinado de mil anos dos santos.

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